segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Catedrais

Notre DameConfesso que fiquei abobado com a primeira visão da Notre-Dame de Paris. Chegamos à noite, e a iluminação e a riqueza de detalhes criam uma atmosfera impressionante. Sou apaixonado por igrejas, e acho que um local de culto deve ser no mínimo assustador o suficiente para fazer com que os fiéis corram para casa limpar as calças e prometam a si mesmos nunca mais dizer o nome de Deus em vão. Essa primeira visão cumpre bastante bem o requisito.

Entrando na igreja a história é um pouco diferente. Chegamos durante uma missa, e foi um pouco como entrar na Disneylandia. Holofotes, uma cruz iluminada - acho que com néon - bancas de vendas de souvenirs, telões de Plasma... não que eu não seja um turistão de última, mas todo aquele espetáculo incomodou. Parecia que tudo - incluindo o presépio multicolorido high-tech - conspirava para reduzir as dimensões da catedral, ao invés de aumentá-las - o que seria a intenção dos primeiros construtores. Duas decepções menores foram os vitrais (adoro vitrais religiosos, mas os de Notre-Dame são pouco mais que costas de cartas de baralho) e o tamanho (grande, mas não gigantesca). Enfim.

Sacré CoeurSacré Coeur compensou muito mais. Talvez pela via crucis que fizemos para chegar lá - incluindo duas escadarias bastante respeitáveis, - talvez pelo contraste com Notre-Dame, a igreja surgindo por trás dos outros prédios é de derrubar qualquer queixo. A entrada tem menos detalhezinhos, mas parece mais elaborada e mais esmagadora. E o aviso logo na entrada, algo como "Esta é uma igreja católica, não tirem fotos", impõe muito mais respeito. A não ser por uma ou duas máquinas de medalhinhas - que parecem ser onipresentes como Deus, - não é um ponto turístico tão óbvio.

Notre-Dame de ReimsAgora, nada que eu tenha visto na vida se compara à Notre-Dame de Reims. Era essa a catedral aonde os reis franceses vinham ser coroados, por motivos óbvios. Em linhas gerais tem o mesmo desenho da de Paris, mas é muito maior, muito mais assustadora, muito mais detalhada. Como se a de Paris fosse apenas uma maquete para ela.

Notre-Dame de ReimsDentro se tem a explicação de toda a fé. A primeira vontade é a de se ajoelhar e rezar, não por se acreditar em Deus ou coisa parecida, mas porque é a única reação racional. Qualquer outra seria imprópria. Cada estátua, cada detalhe de vitrais tão altos que não se podem ver, cada vela acesa, cada estátua, tudo evoca algo maior do que se pode entender. Melhor desistir e lembrar das aulas de catequese.

Ok, tem também a barraquinha de venda de lembranças e as máquinas de medalhinhas, mas de um modo muito mais comedido que a Notre-Dame de Paris. Nesse sentido pode não ser uma Sacré Coeur, mas ainda se dá a algum respeito. E a estátua da Joana d'Arc é, sinceramente, bem feia, mas as velas queimando na frente são de uma ironia ótima e nem tão sutil.

O Pêndulo de Foucault

Abadia de Saint-Martin-des-ChampsLi O Pêndulo de Foucault pela primeira vez há dez anos. Virou imediatamente meu livro favorito, e já não sei mais por quantas releituras ele já passou. Logo no começo o narrador, Casaubon, descreve uma caminhada no interior do Conservatoire des Arts et Metiers, em busca de um esconderijo, e praticamente decorei a descrição de cada uma das salas do museu. Era óbvio que fosse uma das minhas primeiras paradas aqui.

ConservatoireO Conservatoire é um museu da técnica, e reúne avanços tecnológicos desde os antigos egípcios até as atuais lâmpadas megaeconômicas que eu esqueci o nome agora (preguiça de abrir o Google). Passa pela história da aviação, por teares mecânicos de madeira, espelhos, engrenagens, máquinas a vapor, qualquer coisa que o homem pode ter inventado em milênios de história. Tudo dentro de uma abadia medieval - e vários anexos mais recentes, mas menos dignos de nota.

Entramos pelo lado errado. O roteiro "oficial" começa pelo último andar e desemboca no próprio Pêndulo, no coro da igreja da abadia, mas entramos pela igreja. Para mim, o Pêndulo era o astro da visita, e o resto podia ser deixado para depois.

ConservatoireAcho que a visão mais grandiosa são as máquinas voadoras, tentativas de aviões, que estão penduradas em vários pontos espaçosos do museu. É impossível não ter a sensação de que a qualquer momento todas vão sair voando ali dentro e se chocar contra as paredes e estátuas e vitrais. Além disso, carros antigos - alguns podem ser vistos inclusive por cima e por baixo através de plataformas de vidro ou por dentro, com os cortes longitudinais - e novos - como o carro do Alain Proust (se bem me lembro). Salas repletas de engrenagens e bielas e experiências. Uma grande e complicada máquina para a medição de círculos. Modelos de navios e caravelas. Em algum lugar estão as medidas originais, o Metro e o Quilo. E mais.

Essa primeira visita foi curta e sem roteiro definido. Chegamos na última hora de funcionamento, com a entrada gratuita, tempo curto demais para se começar a ver tudo. Farei uma outra visita detalhada, mas estou esperando a chegada do Julio para isso.

O Pêndulo de FoucaultAgora, e finalmente, o Pêndulo. Não deve ser uma visão especialmente marcante sem o livro como guia, não saberia dizer com certeza. A idéia científica por trás dele é provar a rotação da Terra - como o fio está fixo em um ponto, e a Terra gira abaixo deste ponto, temos a impressão de que o Pêndulo é que gira, pouco a pouco, sobre uma base circular. No livro se chama a atenção justamente a esse fato: um ponto fixo, ideal, imóvel, com a Terra e o Universo girando abaixo dele. Qualquer ponto do mundo pode, obviamente, ser o ponto do pêndulo, mas de algum modo - com ou sem livro - esse é especial.

O Pêndulo de FoucaultQuando entramos uma guia explicava a experiência a outros visitantes. Vi o Pêndulo, uma pequena mas pesada bola metálica, balançando sobre sua base, marcada em toda a circunferência e com alguns cilindros de metal em pé - condenados, esperando ser derrubados pelo pêndulo como "prova" de sua rotação. É pouco mais que vagamente interessante. Logo depois segui seu fio até o topo, onde mal era visível, e vi o ponto, no centro do coro, onde estava pendurado. O ponto fixo, abaixo do qual todo o Universo se move.

Confesso que perdi o fôlego. Por um segundo ou dois, mas perdi.

O resto é resto. Recomendo a leitura do livro e a visita, para todo mundo que tiver a chance. Nessa ordem.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Primeiras Impressões

Assinarei embaixo: A TORRE É PEQUENA. Tá, não é que ela seja pequena, é só que aquela primeira visão em câmera lenta dura pouco: tu olha pra base, vai erguendo o olhar aos poucos e pensa "uuuuuuuh, a Torre Ei - ah, já acabou?". Mais ou menos isso. Mal dá tempo de se impressionar de verdade. Ainda falta subir nela, mas fica pra outro dia.

Os lugares que mais gostei até agora não são exatamente turísticos. O Conservatoire des arts et Metiers, que vai merecer um post à parte um dia, e um labirinto de ruazinhas entupidas de bares, cafés e restaurantes perto de Notre-Dame. Tenho que aprender a chegar lá sozinho.

Fora isso, já me sentindo em casa. Ainda preciso fazer uma série de posts mais detalhados sobre cousas e lugares.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mãe, cheguei

Tudo certo e tranqüilo. Fiz a imigração só na Alemanha. Sobrenome alemão e visto americano ajudaram muito. 5 minutos e acabou a burocracia.

Já cheguei em casa, já vi a tal da torre (de longe) e agora eu vou ficar fora do computador até segunda-feira. Endorfina + Paris + três meses longe da namorada. Não esperem notícias. :)

Até lá, fiquem com o balcão da cozinha.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Faltou um aviãozinho animado

Fazendo BRRRRRUUUUUMMMMMM


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Menos de 14 horas pra embarcar

Podre de ansioso, saudades dos gatos, checando tudo de novo, bla bla bla. Aquelas coisas todas. Tomando as últimas providências e comemorando o golpe de sorte de última hora. Mas a história das engrenagens é verdadeira, agora só vai.

Vou pra Guarulhos MUITO cedo. Embarco às 23h pra Frankfurt, chego lá às 14h de sábado - horário local, imagino, - embarco para a França às 17h25, chego em Paris às 18h35. Contando atrasos, burocracia, caminho pro apartamento, não sei que horas vou conectar de novo. Assim que der, aviso aqui.

Abraços e beijos pra todo mundo. Falo com vocês da França.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Indo pra São Paulo

Em algumas horas embarco pra São Paulo. Um dia e meio antes do vôo de verdade, pra garantir que não vou perder. Alguns ajustes de última hora lá, sensação eterna de ter esquecido alguma coisa, MUITO nervoso. Mas enfim.

Agora eu já comecei a me acostumar com a idéia, mas a pior sensação dos últimos dias foi a de pensar em "fim de semana" já em Paris. Uma coisa ao mesmo tempo tão distante mas ali, a poucos dias de acontecer de verdade.

A impressão atual é a de uma máquina gigantesca que já começou a rodar as engrenagens. Como se, a partir de agora, as coisas estivessem simplesmente acontecendo sozinhas, sem a minha interferência, por pura inércia. O que conforta e assusta ao mesmo tempo.

Caindo de sono aqui. Completamente esgotado. E sem nem cogitar a idéia de dormir antes do vôo.

Darei notícias de Sampa.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Últimos dias

Comecei a ter seqüências de frios na barriga antes de dormir e pilhas de sonhos estranhos depois. Indo para a França sem ter conseguido o visto, sem uma fonte de renda segura e, depois das conversões, com menos dinheiro que eu tinha na viagem para a serra do meio do ano.

Ou seja, melhor não esquecer de colocar a CARA e a CORAGEM na mala, porque não vou ter muito mais que isso.

Bora lá encaixotar a casa.