segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Pêndulo de Foucault

Abadia de Saint-Martin-des-ChampsLi O Pêndulo de Foucault pela primeira vez há dez anos. Virou imediatamente meu livro favorito, e já não sei mais por quantas releituras ele já passou. Logo no começo o narrador, Casaubon, descreve uma caminhada no interior do Conservatoire des Arts et Metiers, em busca de um esconderijo, e praticamente decorei a descrição de cada uma das salas do museu. Era óbvio que fosse uma das minhas primeiras paradas aqui.

ConservatoireO Conservatoire é um museu da técnica, e reúne avanços tecnológicos desde os antigos egípcios até as atuais lâmpadas megaeconômicas que eu esqueci o nome agora (preguiça de abrir o Google). Passa pela história da aviação, por teares mecânicos de madeira, espelhos, engrenagens, máquinas a vapor, qualquer coisa que o homem pode ter inventado em milênios de história. Tudo dentro de uma abadia medieval - e vários anexos mais recentes, mas menos dignos de nota.

Entramos pelo lado errado. O roteiro "oficial" começa pelo último andar e desemboca no próprio Pêndulo, no coro da igreja da abadia, mas entramos pela igreja. Para mim, o Pêndulo era o astro da visita, e o resto podia ser deixado para depois.

ConservatoireAcho que a visão mais grandiosa são as máquinas voadoras, tentativas de aviões, que estão penduradas em vários pontos espaçosos do museu. É impossível não ter a sensação de que a qualquer momento todas vão sair voando ali dentro e se chocar contra as paredes e estátuas e vitrais. Além disso, carros antigos - alguns podem ser vistos inclusive por cima e por baixo através de plataformas de vidro ou por dentro, com os cortes longitudinais - e novos - como o carro do Alain Proust (se bem me lembro). Salas repletas de engrenagens e bielas e experiências. Uma grande e complicada máquina para a medição de círculos. Modelos de navios e caravelas. Em algum lugar estão as medidas originais, o Metro e o Quilo. E mais.

Essa primeira visita foi curta e sem roteiro definido. Chegamos na última hora de funcionamento, com a entrada gratuita, tempo curto demais para se começar a ver tudo. Farei uma outra visita detalhada, mas estou esperando a chegada do Julio para isso.

O Pêndulo de FoucaultAgora, e finalmente, o Pêndulo. Não deve ser uma visão especialmente marcante sem o livro como guia, não saberia dizer com certeza. A idéia científica por trás dele é provar a rotação da Terra - como o fio está fixo em um ponto, e a Terra gira abaixo deste ponto, temos a impressão de que o Pêndulo é que gira, pouco a pouco, sobre uma base circular. No livro se chama a atenção justamente a esse fato: um ponto fixo, ideal, imóvel, com a Terra e o Universo girando abaixo dele. Qualquer ponto do mundo pode, obviamente, ser o ponto do pêndulo, mas de algum modo - com ou sem livro - esse é especial.

O Pêndulo de FoucaultQuando entramos uma guia explicava a experiência a outros visitantes. Vi o Pêndulo, uma pequena mas pesada bola metálica, balançando sobre sua base, marcada em toda a circunferência e com alguns cilindros de metal em pé - condenados, esperando ser derrubados pelo pêndulo como "prova" de sua rotação. É pouco mais que vagamente interessante. Logo depois segui seu fio até o topo, onde mal era visível, e vi o ponto, no centro do coro, onde estava pendurado. O ponto fixo, abaixo do qual todo o Universo se move.

Confesso que perdi o fôlego. Por um segundo ou dois, mas perdi.

O resto é resto. Recomendo a leitura do livro e a visita, para todo mundo que tiver a chance. Nessa ordem.

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